As Birras

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Quem não se confrontou com uma criança a fazer uma birra, na presença dos pais, dos avós ou de outro adulto de referência, num qualquer local público ou até em ambiente privado?

As birras podem surgir em qualquer local e de forma inesperada e, não raro, quando surgem, causam grandes embaraços aos adultos que, de repente, se vêm expostos em plena praça pública na sua dimensão relacional de pais.

E porque é que as crianças fazem birras? Como poderemos estar preparados para este tipo de situações? Como lidar de forma positiva e pedagógica com o assunto?

Em boa verdade este é um tema delicado para a maioria dos pais e ainda que possamos dizer que as birras são naturais e que fazem parte do processo de desenvolvimento da criança, ninguém gosta de passar por isso. As manifestações mais comuns de birra são o choro, o comportamento de oposição, bater com os pés no chão, deitar-se e espernear, atirar objetos, entre outras, e que são formas da criança chamar à atenção ou de afirmar a sua vontade no imediato.

Para começar, convém não alinhar nas falsas ideias de que todas as birras devem ser evitadas e que devemos resolver as coisas de forma dita ‘positiva’ para as crianças não ficarem traumatizadas.

A birra poderá ser devida a uma contrariedade, ao cansaço, resposta à irritabilidade do adulto, medo ou insegurança, entre outros. Notar que, as birras fisiológicas por sono ou fome terão de ser atendidas numa lógica diferente e apenas de forma a atender estas necessidades da criança.

Com serenidade e controlo sobre a situação, o adulto deverá  definir e transmitir de forma clara e consistente as fronteiras, regras e consequências do comportamento inadequado e, quando este surge, aplicar a consequência de forma imediata.

Alguns erros que convém não cometer:

Primeiro, nunca ceder para parar a birra pois isso acaba por funcionar como reforço e, na próxima oportunidade, a birra volta a desencadear-se, por vezes, com maior intensidade. "Toma lá a boneca, pára a birra que me envergonhas no supermercado”

E depois, evitar contrariedades para evitar birras, "Vou dar-lhe sempre sopa passada que assim já não aturo essa birra”… ora assim a criança aprendeu que com birras vence, e vai usar a estratégia de novo, para outras coisas!!!

Protelar a ação sobre comportamentos indesejáveis ou ignorar  a birra  não terá resultados positivos já que a criança fica sem referencial de ação e não haverá oportunidade de aprendizagem.

Por último, nunca deverá usar ironia e o sarcasm pois isso é emocionalmente lesivo para a criança pequena que ainda não tem a capacidade de descodificar as subtilezas deste tipo de comunicação.

As estratégas de atuação dos pais passam por construir uma escala de castigos, repreender sempre e castigar em comportamentos mais desadequados, de forma imediata. Poderá aplicar  diferentes tipos de punição, sabendo que é sempre mais produtivo agir do que fazer sermões vazios e sem implicações concretas.  

Deverá explicar porque é que o comportamente é inadequado; fazer um primeiro aviso e, não se observando o comportamento adequado, deverá ser aplicado o castigo correspondente. O adulto deverá agir com serenidade e control sobre a situação, não deve gritar nem perder a calma mas também não deve ficar pela ameaça, sem cumprir o que definiu com a criança.

Usar a "pausa” para interromper a ação e levar a criança para um local tranquilo/afastado por alguns minutos pode produzir bons resultados.

Outra ideia chave será: Fazer o reforço imediato quando surge o comportamento adequado o que pode ser feito pelo elogio, do afecto físico (um mimo ou uma carícia), ou algum tipo de compensação (brincadeira,…).  

Nesta situação, não se esqueça que é importante não só a sinceridade nos elogios mas também ir variando o tipo de elogio e de reforço ao longo do tempo. O adulto deverá estar atento e reforçar os esforços da criança e as pequenas mudanças e não apenas comportamentos excelentes.

Mas atenção, há especialistas que defendem que as birras não são um fenómeno reportado apenas à infância. E, se pensarmos bem, o que é são os amuos ou as guerras de silêncio dos adolescentes senão formas mais sofisticadas de birra?

E os adultos? Não farão birras também?

Hoje terminamos com esta ideia… as Birras são acontecimentos naturais no percurso formativo de cada indivíduo e devemos aproveitar esses momentos para realizar aprendizagens e para crescer. Pretende-se que cada pessoa desenvolva um ser e um estar equilibrado, regulado e adequado à convivência com os outros.