Participação nas tarefas domésticas

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Nos tempos que correm, sabemos como é difícil equilibrar a agenda social e cultural dos nossos filhos com as tarefas domésticas. E tendemos a pensar: "já teve tantos estímulos na escola e tantos trabalhos para casa que a participação nas tarefas domésticas é assessória e pouco importante”. Porém, valerá a pena refletir sobre a importância de envolver as crianças nas tarefas domésticas e sobre quais as tarefas mais apropriadas.

Comecemos por desconstruir a ideia de que a participação em tarefas domésticas é assessória e não tem grandes vantagens no desenvolvimento dos nossos filhos...

Se os nossos filhos forem desde cedo habituados a cumprir pequenas tarefas como arrumar os brinquedos não deixar roupa por todo o lado estamos a sensibilizá-los para a importância de assumir a organização como uma tarefa coletiva, em que todos temos um papel essencial.

Estamos a passar-lhes a mensagem que são um membro ativo da comunidade familiar e que contamos com a colaboração deles para a manutenção do equilíbrio justo entre todos. Deste modo a criança desenvolve o seu sentido de utilidade e interdependência no seio da família, desenvolvendo competências basilares de socialização e de respeito pelo outro.

Por outro lado, se as crianças não forem habituadas a participar neste tipo de tarefas, vão habituar-se a que a responsabilidade de manter a organização e de servir é dos outros e vão demonstrar maior resistência quando lhes for pedido para colaborar.

Nesta linha de pensamento o envolvimento nas tarefas domésticas não tem uma idade certa para começar. Deve começar cedo e deve respeitar as competências e a fase de desenvolvimento deles. Na realidade quando são mais pequenos, normalmente aceitam este tipo de atividades como um jogo, como forma de entrar no "mundo dos crescidos”, sendo este o momento ótimo para começar.

Assim, e independentemente da idade, é importante explicar às crianças o porquê da conveniência destas tarefas com um diálogo muito claro e mediado.

Devem perceber a importância da sua colaboração e receber o reforço correspondente quando cumprem as suas responsabilidades.

Os contratos escritos podem facilitar a tarefa: uma tabela de dupla entrada organizada por toda a família com todas as tarefas a cumprir bem distribuídas é mais uma forma de os envolver na organização das tarefas domésticas desde a sua fase inicial: o planeamento.

Das várias tarefas domésticas a criança pode ir escolhendo de forma rotativa as que pretende cumprir sendo importante discutir também as repercussões e consequências do não cumprimento de tarefas de forma democrática e coerente.

Vejamos então algumas tarefas em que podem colaborar:

  • Aos 2 e 3 anos - arrumar brinquedos e separar a sua roupa suja, ajudar na alimentação do animal de estimação
  • Aos 4 e 5 anos, idade em que gostam de ajudar e de fazer sozinhos – ajudar a levantar a mesa, ajudar a arrumar as comprar do supermercado, fazer a cama
  • Dos 6 aos 8 anos, idade em que valorizam a sua independência é importante permitir que se envolvam em atividades que possam iniciar e terminar sozinhos – participar na preparação das refeições, tratar da limpeza e manutenção dos animais de estimação
  • Dos 9 aos 12 anos, momento em que é fundamental manter continuidades – lavar a louça, ajudar na arrumação da roupa depois de lavada e passada, aspirar, ajudar a lavar o carro, ajudar na limpeza e manutenção do jardim


Em suma

O envolvimento de crianças e jovens nas tarefas domésticas ensina-lhes que a organização e a entreajuda são valores fundamentais no seio de uma família e ajuda-os a descobrir novas habilidades e a aprender como prevenir acidentes. Ajuda-os também a combater o individualismo e o egocentrismo, aprendendo a valorizar o papel de cada um no seio da comunidade familiar.

Participar nestas tarefas é o primeiro de muitos passos de gigante... passos estes que os levam a ser e a estar na família de forma plena, consciente e democrática.

Texto adaptado a partir de Programa "Crescer com Eles”, parceria Colégio Efanor/Rádio Nova (coordenação: Ana Barbosa, Psicóloga Col. Efanor e Isabel Corte-Real, Educadora Col. Efanor)